19 Agosto 2025

Paramount e ESPN travam batalha bilionária pelos direitos de UFC e WWE e mudam o futuro do streaming esportivo

O encontro que antecipou a revolução

Quase um ano atrás, durante o UFC 306 na icônica Sphere em Las Vegas, ocorreu uma reunião que se tornaria o prenúncio de uma grande transformação na transmissão esportiva. Na suíte de luxo da TKO Holdings — empresa que controla o UFC e a WWE — estavam nomes de peso da mídia global: Jeff Bezos (Amazon), Bob Iger (Disney) e David Ellison, futuro CEO da Paramount após a fusão com a Skydance.

Ellison compartilhou com os executivos da TKO — incluindo o CEO Ari Emanuel, o presidente Mark Shapiro e o fundador do UFC, Dana White — seus planos ambiciosos para transformar a Paramount em líder no setor de mídia. “Ficamos surpresos”, revelou Shapiro ao portal The Athletic.

Aposta bilionária da Paramount muda o jogo

Essa visão agora se concretiza com a entrada oficial de Ellison no “ringue” dos direitos esportivos. A Paramount anunciou um acordo histórico com o UFC, que elimina o tradicional modelo de pay-per-view nos Estados Unidos e estabelece um novo contrato de US$ 1,1 bilhão por ano para transmissão via streaming e na TV aberta pela CBS.

Com isso, a Paramount/CBS assume posição de destaque entre os maiores players de mídia esportiva, desafiando gigantes como Amazon, Netflix, YouTube e Apple. A era em que se acreditava que as big techs dominariam todo o mercado esportivo pode estar com os dias contados. Como diria Lee Corso, ícone da televisão esportiva americana: “Não tão rápido assim!”

ESPN também contra-ataca

A ESPN, por sua vez, reagiu com força. A emissora reestruturou sua estratégia digital e anunciou o lançamento do seu novo serviço direto ao consumidor, o “Next Era”, com estreia marcada para 21 de agosto. Em paralelo, fechou quatro acordos com a NFL, incluindo três jogos extras na temporada regular, a integração do NFL Network, o canal RedZone e os direitos do Draft da NFL.

Como parte dessa movimentação agressiva, a ESPN também adquiriu os direitos de transmissão do WrestleMania e outros eventos ao vivo premium da WWE. A expectativa inicial era de que a WWE migrasse para plataformas como Netflix, Amazon ou YouTube — sendo que a Netflix já possui os direitos globais do programa semanal “Raw” —, mas a ESPN conseguiu surpreender.

UFC fará evento histórico na Casa Branca

Em meio a essas grandes negociações, Dana White confirmou outra novidade que mexeu com o universo das lutas: o UFC realizará, no dia 4 de julho de 2026, um evento especial na Casa Branca, em comemoração aos 250 anos da independência dos Estados Unidos. Será a primeira vez que um evento de MMA profissional acontece na residência presidencial.

Segundo White, o pedido partiu diretamente do ex-presidente Donald Trump, que participou das conversas iniciais. Ivanka Trump também está envolvida no planejamento e nas decisões sobre a estrutura do evento. “Ele disse: ‘Quero a Ivanka no centro disso’. E então ela começou a conversar comigo sobre as possibilidades”, relatou White ao programa CBS Mornings.

Acordo com Paramount é marco para o UFC

O acordo com a Paramount, válido por sete anos, representa uma mudança radical no modelo comercial do UFC. Segundo Dana White, trata-se de um dos maiores marcos de sua carreira e da história do esporte. Embora ainda aposte no pay-per-view para eventos seletos, como o programado para este sábado em Chicago, White afirma que o streaming é o caminho natural para alcançar novos públicos.

“Esporte ao vivo tem que ser assistido ao vivo. É uma experiência única, um destino”, afirmou. Ele ainda destacou que, assim como os táxis foram substituídos por apps e a TV a cabo perdeu espaço, o mercado esportivo também está passando por uma transformação inevitável.

Um futuro competitivo e em expansão

Ainda não há lutadores confirmados para o evento da Casa Branca, que deve ocorrer dentro de um ano. No entanto, a escolha do local simboliza a ascensão do UFC como fenômeno cultural e esportivo.

Enquanto isso, a briga entre Paramount, ESPN e os gigantes do streaming só deve esquentar. Com bilhões em jogo e o interesse do público cada vez maior por conteúdo esportivo sob demanda, a forma como assistimos aos grandes eventos está sendo redesenhada — e os próximos capítulos prometem ser tão intensos quanto uma luta principal no octógono.